LUA...LUA
Música, poema e voz de
VITORINO
Cd "Flor de la mar"
(para ouvir clique no botão Play)
Lua, lua em mês de agosto
estou à espera do sinal
da janela do teu rosto
e sem nunca mais chegar
Lua cheia de luzeiro
não me invejam as luzes
do teu espelhar
Lua, lua caminheira
só me invejam caminhos
que lá vão dar
Cheiro da erva cidreira
faz-me girar o sentido
para a janela donde espero
um sinal já prometido
Noite, noite de verão
pára do teu acenar
deixa as rosas como estão
não as venhas inquietar
E enquanto a normalização europeia e a Asae
não acabam com as alentejanas amorosas
o melhor é ouvir o Vitorino
que nestas coisas é um rapaz bem informado e experiente.
Com a noite me deito
com o dia me levanto
canta-me um pássaro no peito
vai-me a tristeza no canto
vai-me a tristeza no canto
como um cavalo no prado
seca-me a água do pranto
deste rio desatado
Luis Pignatelli
in "Obra Poética", 1999
(Vitorino, com este poema, fez uma extraordinária canção)
Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada
alguma coisa onde a tua mão
escrevesse cartas para chover
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para se ler
alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direcção dos rios
alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar
António José Forte
(deu origem a uma das melhores canções portuguesas de sempre, nas vozes dos manos Salomé - Janita e Vitorino)