1ª metade dos anos 60: a juventude portuguesa sufocava entre o bolor salazarento de uma sociedade fechada, totalitária e sem perspectiva de futuro.
A guerra colonial dava os primeiros passos e a juventude começava a ser mobilizada para a guerra longínqua e sem futuro.
Portugal, descalço e analfabeto, esvaziava-se pelos trilhos clandestinos da emigração ilegal para as obras de Paris.
A luta estudantil contra a ditadura salazarista agudizava-se.
E lá de fora, da França onde perto de 1 milhão de portugueses labutava nos subterrâneos de Paris nas obras do saneamento e do metro, surgia esta figura frágil, doce e bela a cantar que todos os rapazes e raparigas da sua idade se passeavam de mão dada pelas ruas de Paris.
Paris, essa cidade mítica com que todos os adolescentes e jovens do meu tempo sonhavam!
A Paris da liberdade, da igualdade e da fraternidade, de onde nos vinham os ecos da literatura, da filosofia, da poesia e das belas artes com que todos sonhávamos!
Foi o grande sucesso!
Passear em Paris, livres e de mãos dadas: suprema felicidade!
Em memória desses tempos ouçam esta pequena pérola: