Na margem de um rio
São assim os amigos, frágeis, como dunas.
Altas labaredas os consomem
e dizem nomes, recados de amor.
Nada os habita quando damos as mãos,
os rostos recortados no frio azul
para reparar o que nos une e o que nos afasta.
São assim os amigos, vêm
com uma ferida móvel entre os dedos
juto de mim. Perdidos eu os encontro,
aos amigos,ao que por ser frágil perdura
como uma claridade um nome branco.
Francisco José Viegas, in
"Metade da VIda", Ed. Quasi, Lisboa, 2002.