O Sol, semanário conhecido por não dar brindes aos leitores mas "oferecer" páginas de propaganda ao Eng.º Sócrates, noticia que dez espécies de aves migratórias chegaram, este ano, mais cedo a Portugal.
Entre outros, os cucos, os milhafres-pretos , as alvéolas-amarelas e os andorinhões-pálidos bateram recordes de antecipação na sua chegada a Portugal, desejosos de verem in loco as maravilhas da politica governamental; António Vitorino afirma, mesmo, que os andorinhões ficaram pálidos devido ao espanto perante a força reformadora do governo!
Embora algumas vozes maldosas da oposição de direita declarem que a vinda precoce destas aves se deve ao facto de recearem que o ministro Correia de Campos encerre todas as urgências e maternidades antes de terem tempo de nidificarem, Jorge Coelho já afirmou, sem margem para dúvidas, que o fenómeno se deve ao enorme poder de persuasão do inefável ministro Manuel Pinho, que os convenceu com a mão de obra barata em Portugal.
O Eng.º , que já na Covilhã, ainda de bibe, demonstrava inegáveis qualidades de líder e um responsável sentido de estado quando jogava ao berlinde e ao pião, já prepara uma declaração solene aos media em que desvaloriza a fuga do nosso país das multinacionais e investidores estrangeiros, contrapondo as vantagens da sua substituição por estas diligentes aves; com efeito, sabe-se que os investidores estrangeiros produzem muito menos estrume que aquelas aves não beneficiando, assim, a agricultura portuguesa; as aves são assim como o champô 2 em 1, segundo as sensatas e sábias declarações do Ministro da Agricultura.
Há mesmo quem afirme, como o ministro Augusto Santos Silva, que as cegonhas, este ano, nem sequer chegaram a sair de Portugal, demonstrando, assim, um notável desejo de cooperação estratégica com o governo; no entanto, algumas vozes (maldosas!) da oposição de direita insinuaram que esta permanência das cegonhas se deve apenas ao facto de esperarem serem contempladas com algumas das milhares de nomeações politicas que todos os dias enchem as páginas do Diário da República.
O próprio ministro Luis Amado, essa biblica figura governamental, já mandou encerrar várias embaixadas e consulados, pois não há capacidade de resposta para tantos pedidos de vistos de entrada no país apresentados pelas mais diversas espécies de aves, canoras e não canoras, desejosas de usufruírem as maravilhosas condições oferecidas pelo modelo do nosso estado social.