Pedro Arroja, em www.portugalcontemporaneo.blogspot.com, escreveu o post que a seguir transcrevo e que mostra bem a força da economia americana e porque é que Wall Street domina todo o mundo.
Com a devida vénia:
24 Setembro 2008
A crise financeira actual não é só americana - é mundial. E quanto pior fôr a situação na América pior será no resto do mundo. A influência económica e financeira da América no mundo é extraordinária. Ilustrarei aqui com as bolsas de valores.
A maior bolsa de acções do mundo é a americana, centrada em Wall Street, Nova Iorque. A dimensão de uma bolsa mede-se pela soma dos valores das acções nela cotadas - a chamada capitalização bolsista. A dimensão da bolsa americana é de $19.4 triliões (dados de 2006).
Em segundo lugar, a grande distância, vem o Japão ($4.7 triliões), cuja bolsa não chega a um quarto da americana. Em terceiro, a Inglaterra ($3.7 triliões), a maior bolsa da Europa, mas cuja dimensão não chega a um quinto da americana. Em quarto está França ($2.4 triliões). A bolsa portuguesa ($0.1 triliões) está na 40ª posição no mundo . Tudo somado, a bolsa americana tem uma capitalização que representa mais de metade das outras todas juntas.
Daí a liderança que Wall Street exerce sobre todas as outras praças internacionais. Quando a Bolsa americana sobe, as outras também sobem, e quando ela cai, as outras também caem. É raro a bolsa de um país andar a contraciclo da bolsa americana e, quando o faz, em geral não é por mais de um dia.
Os factores que contribuem para isto são vários. Saliento os dois mais importantes. Primeiro o peso da economia americana na economia mundial e a influência das suas empresas multinacionais nos outros países do mundo. A economia americana representa quase um terço da economia mundial, tal como medido pelo PIB ($12.4 triliões em $44.7 triliões) e as maiores empresas do mundo são americanas (as duas maiores, a Exxon Mobil e a Wal-Mart, possuem, cada uma, um volume anual de vendas igual ao dobro do PIB de Portugal). Se o sentimento é mau na América em relação à economia e às empresas, levando à queda da bolsa em Nova Iorque, em princípio deve ser também mau nos outros países do mundo, levando à queda das bolsas dos outros países. Segundo, muitas das empresas cotadas nas diferentes bolsas nacionais (v.g., a PT na bolsa de Lisboa) estão também cotadas em Nova Iorque. Ora, se a PT cai em Nova Iorque também tem de cair em Lisboa.
Não é difícil agora imaginar porque é que uma queda catastrófica na Bolsa de Nova Iorque, para além daquela que já ocorreu no último ano, terá o condão de levar tudo atrás. Não é possível prever um crash de bolsa. Os crashes não se anunciam. Mas que as probabilidades aumentaram em favor dele não restam dúvidas.
Publicada por Pedro Arroja em 15:32