Há cerca de ano e meio, durante a preparação para as últimas eleições autárquicas, Marques Mendes decidiu, contra muitas opiniões internas, não aceitar as candidaturas de militantes que tinham sido constitu´dos como arguidos em diversos processos judiciais.
Assim, o PSD perdeu Câmaras tão importantes como Oeiras (Isaltino Morais) e Gondomar (Valentim Loureiro).
Mas Marques Mendes e o PSD deram uma imagem de ética politica e ganharam uma credibilidade que, em certa medida, apagaram os estragos anteriormente causados pelos desvarios da clique que se seguiu a Durão Barroso.
Agora, a situação na Câmara de Lisboa era conhecida e tinha atingido uma situação insustentável: o Vice-Presidente suspenso (por pressão de Marques Mendes), bem como outra vereadora, entretanto constituídos arguidos no processo Braga-Parques.
Com a convocação do Presidente para depôr como arguido, Marques Mendes impôs-lhe o pedido de demissão, provocando a realização de eleições.
Esta decisão de Marques Mendes vai, muito provávelmente, implicar a derrota do PSD em Lisboa e a perda da mais importante Câmara Municipal do país.
Mas os principios e a ética politica ficam salvaguardados e, moralmente, o PSD e Marques Mendes somam uma vitória.
Atitudes destas são singulares na vida politica portuguesa; basta lembrarmo-nos do PS e Felgueiras, o PCP e Setúbal e os "moralistas" do Bloco de Esquerda e Salvaterra de Magos.
Provávelmente o PSD e Marques Mendes perdem a Câmara de Lisboa mas ganham a nossa estima, admiração e respeito.