Em gestão corrente ...como o País...

Setembro 02 2007

         

   Hoje, ao passar pelo Corta Fitas, coisa que faço quase diáriamente, fui atraído por uma referência  um blogue desconhecido, O Jansenista, onde li a crónica sobre uma visita a S. Martinho do Porto que a seguir transcrevo.

   Além de bem escrita, apresenta um retrato, que embora caricatural, se aproxima bastante da realidade.

   Então, com a devida vénia:   

Cronica de Agosto 24 - Sao Martinho do Porto, notas de viagem

 

Na minha adolescência, o verão da Ericeira era interrompido ritualmente por uma deslocação a São Martinho do Porto, a propósito de umas festividades quaisquer, mas que sempre me pareceram um pretexto apenas para todos os jovens mancebos veraneantes, do Cabo da Roca até à Foz do Minho, tentarem a sua sorte junto das inefáveis e altivas donzelas de São Martinho.
Lá prestei a minha vassalagem em devido tempo, de início impressionado e intimidado com as variadas pretensões de superioridade local e, depois de duas idas acompanhado de inultrapassáveis ninfas ericeirenses (ainda hoje me dói pensar nelas e na minha incompetência), convencido de que as melhores beldades eram, afinal, forasteiras. Que importa, o ponto focal subsistia, os complexos de superioridade também, e as noitadas na rua dos cafés, depois do toque a recolher das insuportáveis «tias tricotantes» e dos paizinhos invariavelmente empertigados e patetas, eram, posso testemunhá-lo, divinais festins... para os olhos (eram tempos muito inocentes – comparativamente).
Voltei lá muito espaçadamente, sempre de dia, e desta vez, depois de um longo interregno, decidi-me a experimentar a nova versão – São Martinho devassado pela auto-estrada que rasga impudicamente Alfeizerão.
Primeira nota, a mais óbvia: o encanto perdeu-se, um dos sortilégios advinha do facto de lá se chegar cansado, agora é como chegar à próxima esquina do bairro, se não travamos a tempo acabamos dentro de água.
Segunda nota: São Martinho continua a ter as crianças mais bonitas e as adolescentes mais soignées a norte do Cabo da Roca (nada daquele estudado desleixo «surfista-ácido» que triunfou na Ericeira nos últimos vinte anos).
Terceira nota: os cafés estão melhores, mais asseados, mais competentes, consegue-se comer decentemente (eu alinhei numa francesinha perfeitamente tolerável, numa esplanada diante do Turismo).
Quarta nota: lembrei-me do principal factor negativo, aquele irritante alguidar gigante (ou será um prato de sopa?) em que se chapinha sem ondas, mesmo quando o vendaval e a areia fina atingem uma força assustadora. É cruel negar às crianças o prazer das ondas, e das ondas violentas (é uma convicção irredutivelmente «jagoz», a que tardiamente foram aderindo os «bétinhos» da Praia Grande e do Baleal).
Quinta nota: as tias tricotantes não morreram, no sentido de que foram rendidas, e agora pareceram-me mais ridículas do que nunca, muito em particular porque começam algumas delas a ser da minha geração. Porque será que se comportam como adolescentes em tudo o que é sushi bar da «swinging Lisbon» e ao chegarem lá envelhecem trinta anos ou mais? Eles, por seu lado, continuam impecavelmente, engomadamente, vincadamente patetas, com aquelas camisolas de malha pelos ombros e aquele risinho alarve e cúmplice que viram em fotos de galãs de há cinquenta anos (ou mais). Houve melhorias: empunhavam o maço de tabaco, agora empunham o telemóvel, e alguns (não todos) abandonaram já aquele bigode «guiador de bicicleta» que lhes conferia um ar muito «século XIX», muito «moço fidalgo».
Sexta nota, muito positiva: aqueles prédios altos em torno do alguidar dão definitivamente a vitória à Ericeira velha, que mal ou bem lá tem resistido um pouco mais a desaforos desses (não falo, obviamente, da Massamá-sur-Mer que explodiu do lado de cima da estrada de Sintra). Ah, o doce sabor da vingança!
Última nota, excelente: a melhor mudança em São Martinho do Porto é que, com a auto-estrada, conseguimos regressar à Ericeira em pouco mais de uma hora.


 


Setembro 01 2007

                                                         

   Ela, ele, a cosmolanguage e as poeiras cósmicas

                                   

           

óleo sobre tela, 150x180, 2003

   

 


 

emgestaocorrente às 17:18

Setembro 01 2007

           

Vanessa Fernandes sagra-se campeã mundial de triatlo

   

Vanessa Fernandes,

atleta do Benfica e filha de um antigo e célebre ciclista profissional,

continua a coleccionar records e títulos.

Hoje sagrou-se Campeã Mundial do Triatlo.

Força Vanessa!

    

 


 

 


Setembro 01 2007

     

   Ao passar pelo blogue Contra Capa clique para ver), visita praticamente diária, deparei com com o postal que abaixo se publica.

   Trata-se de uma fotografia da Praia do Camilo, em Lagos, misturada, em fotomontagem, com elefantes.

   A estupidez pirosa é por demais evidente.

   Mas vieram-me à memória histórias dos anos 60, já lá vão mais de 40 anos(!), relacionadas com aquela praia e com Lagos.

   Transcrevo, abaixo, e para memória futura, os comentários que então escrevi no blogue da minha jovem colega Cristina.

      

    

   

António Ventura disse...

Cara Colega Cristina:
   Se o governo gasta milhões para transformar o Algarve (originalmente Al-Gharbe, segundo suponho) em Allgarve, porque não um bimbo qualquer colar elefantes junto à Ponta da Piedade, por cima da Praia do Camilo?
   Outros bimbos os comprarão e não haverá prejuízo para o erário público...

     
   A propósito desta fotografia, como já disse da praia do Camilo, em Lagos, gostaria de lhe contar a seguinte história: na primeira metade dos anos 60, o único acesso a esta praia era de barco. Como era uma das preferidas dos putos liceais, como eu, só lá íamos a nado (a partir da D'Ana) ou por chata "tomada de empréstimo" numa das traineiras amigas.
   Numa das férias da Páscoa, acabadinho de chegar de Coimbra, os companheiros da altura, em grande excitação deram-me a grande novidade: já se podia ir ao Camilo por terra pois tinham arranjado uma corda suficientemente forte e comprida para, atada a uma figueira, podermos escorregar pela falésia até à praia.
   Assim se descobriu o caminho pedreste para o Camilo...

      
   Não querendo abusar da sua paciência, não resisto a contar outra história dessa década.
   Num domingo de manhã, eu e o Carlinhos Pestana, corríamos a cidade à procura de uma tenda (nesse tempo um bem escasso e caro)para irmos acampar para Armação de Pêra, onde tínhamos umas Dulcineias.
   Ao passarmos pela Câmara, onde hoje está o D. Sebastião do João Cutileiro, vimos o edificio aberto e engalanado.
   Com a curiosidade juvenil entrámos esubimos até ao salão nobre.
   Espanto: estava lá o "venerando" Almirante A. Tomás, o Presidente da Câmara, os regedores e outros figurantes, ao todo 30 a 40 pessoas.
   Cá em baixo no largo, a vendedora de pevides e um engraxador.
   No dia seguinte, "O Século" publicava, em 1ª página, uma fotografia do venerando a agradecer, na varanda da Câmara, a uma multidão de muitos milhares de pessoas que transbordavam do largo.
   Era uma nova versão do milagre da multiplicação dos peixes...

     
   Assim sendo porque não "colar" elefantes na praia do Camilo?
   Já estamos habituados a estas montagens fotográficas em Lagos...

     
   Bom fim de semana (pelos vistos não está de banco).
   Saudações cordiais.
   António Ventura


www.emgestaocorrente.blogs.sapo.pt

Sex Ago 31, 07:11:00 PM


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