Vê como o verão
súbitamente se faz água no teu peito,
e a noite se faz barco,
e minha mão marinheiro.
Eugénio de Andrade
in "Obscuro dominio"
II
Cantas. E fica a vida suspensa.
É como se um rio cantasse:
em redor é tudo teu;
mas quando cessa o teu canto
o silêncio é todo meu.
Eugénio de Andrade
in "As mãos e os frutos"