quando, minha luminosa, deitado penso em ti
e a teu lado bebo as sombras que te pousam na pele,
apenas a harmonia se respira
da tua testa pousada no meu peito, das tuas mãos presas às minhas.
a noite avança e eu a medo toco o teu cabelo.
o silêncio tem a paz de um olival e dos nossos passeios no alentejo,
o meu amor é como a lua a aflorar-te a face adormecida,
o meu amor é esta e todas as noites, um sobressalto de
estrelas benfazejas,
uma espuma serena em que repouses, uma corrente em que nades de alegria,
uma vide a entrelaçar-te, ó minha luminosa, uma concha de ternura que te guarde.
uma espécie de música que vá vibrando em ti.
Vasco Graça Moura
in "currente calamo" (Poesia 2001/2005)