Helena Almeida,
série de 9 fotografias pintadas, 1979
Soneto de amor
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
José Régio, in
"Eros de passagem", Poesia Erótica Contemporânea,
selecção de Eugénio de Andrade, Campo das Letras, Porto, 1997
A casa do padre:
repare-se nas cantarias de granito das portas,
janelas e varanda;
repare-se nas paredes em blocos de granito
e na varanda com colunas em pedra e tecto de madeira.
O largo do tribunal novo
com as varandas da biblioteca
e as traseiras da casa do padre.
Uma casa tipica da classe média,
com os seus blocos de granito,
as águas furtadas altas e trabalhadas
e a profusão de portas, janelas e varandas.
O antigo tribunal,
todo em blocos de granito.
Um solar
(da família ? -agradece-se a indicação)
grande mas muito harmonioso.
Uma rua de casas recuperadas.