Em gestão corrente ...como o País...

Fevereiro 28 2008

                  

   

Uma doçura dos melhores tempos do Chico.

Boa noite e boas músicas

  


 


Fevereiro 28 2008

           

    

Um clássico de Bob Dylan,

ao geito jazzy

emgestaocorrente às 22:24

Fevereiro 28 2008

    

"Só mais um dia,

um dia luminoso e barulhento

por mim a dentro,

um dia bastaria,

em prosa que fosse.

   

Mas dá-me para a melancolia,

para a limpeza, para a harmonia,

impacientam-me as migalhas

de pão na mesa, as falhas

da pintura do tecto,

as vozes das visitas, despropositadas,

sinto-me sujo como um objecto,

desapegado, desarrumado.

   

Trocaria bem esse dia

por um pouco de arrumação

- no quarto e no coração."

     

Manuel António Pina, in

"Poesia Reunida", Assirio & Alvim, Lisboa, 2001

 


 

emgestaocorrente às 22:10

Fevereiro 28 2008

           

      


 

emgestaocorrente às 22:07

Fevereiro 18 2008
                

Dire Straits & Eric Clapton
  
2 velhos Porto Vintage do meu tempo...


Fevereiro 18 2008

                     

        

Hoje foi um dia muito social.

Apesar do mau tempo e da tempestade,

tive muitas visitas.

Nesta fotogafia apareço ao colo do "mais velho",

o meu bisavô "Pai Marques".

     

   

Passei pelo colo do meu primo Bernardo

(o mais velho dos netos da minha geração)

    

      

Passei pelo colo da minha mãe (claro!)

   

  

Passei pelo colo da minha irmã Sofia,

com a ajuda da avó Tita

    

   

Passei pelos colos do meu pai,

dos meus tios Teresa e André

(do meu avô Ventura não porque estava muito constipado)

e fui ter ao colo da minha tia Ofélia

     

   

Por fim voltei para o colo da minha mãe,

já cheia de fome e vontade de mamar

      

    

e, exausta, adormeci!

Até outro dia, passem bem!

   


 


Fevereiro 16 2008

     

   A continuar assim, o PSD arrisca-se a entrar mesmo em estado de estupor.

   Esta situação de estupor já é o estado em que muito militantes (mesmo entre os que apoiaram LFM , como eu) vêem o estado actual do PSD.

   O país, provavelmente , já se esqueceu do PSD.

   Maior tragédia que esta para a politica portuguesa não consigo imaginar.

   Leia-se o texto de José Pacheco Pereira no Abrupto.

         

15.2.08


JPP )

COISAS DA SÁBADO: ESTADO DE ESTUPOR

A palavra “estupor” tornou-se um insulto e, mesmo como insulto, está a cair em desuso face a outros mais brutos, humilhantes e eficazes. Mas “estupor” é uma palavra com uma velha história médica. Significa uma forte diminuição das funções intelectuais, acompanhada de uma espécie de catatonia física. Até vem na Wikipedia . Os tratados médicos dizem-nos que o indivíduo em estado de estupor pensa que está bem, lá por dentro pensa numas coisas dispersas, mas não tem consciência da sua desconexão com o mundo exterior e “repete movimentos estereotipados”. O “estado de estupor” está algures entre o “estado onírico” e o “estado de delírio”, e não é certamente bom para a saúde. Infelizmente é como o PSD está, em estado de estupor.

Já repararam que, na maioria das questões, o PSD não toma posição, não toma posição a tempo, promete tomar e depois esquece-se de tomar posição, ou qualquer destas três variantes? Nuns casos, parece que está à espera para ver o que dizem os jornais no dia seguinte. Noutros, os múltiplos comités de assessores, agências e sábios convidados para photo opportunities , ou não tem nada para dizer ou então estão à espera de ver o que os outros dizem para reagir, ou, como concordam com o governo, ou porque é matéria espinhosa, ficam calados e aconselham silêncio. A teoria do “estado de estupor” vigente no partido é que “é preciso não se cometer asneiras” e por isso fica-se calado a ver se se foge pelos interstícios dos telejornais, aparecendo porque é bom para os barómetros que são apareçómetros ”, mas sem se dizer nada. Claro que depois, de repente, há uns movimentos desconexos, também típicos do “estado de estupor”, com consequências desastrosas, que só reforçam os conselheiros da teoria catatónica como política, mais vale estar calado, a ver se o engenheiro se despenha por si.

O “estado de estupor” do PSD, o silêncio do PSD como partido de oposição é um dos factores mais perturbadores da vida política nacional.

Etiquetas: PSD


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© José Pacheco Pereira

Fevereiro 15 2008

   

   O Jornal Torrejano desta semana publica mais uma excelente e imperdível crónica de José Ricardo Costa que, aqui e com uma grande vénia, se transcreve:

       

Dizia-me há dias uma colega minha que as minhas crónicas andavam amargas, longe do humor e jovialidade de outros tempos.

Em vez de desanimar, decidi fazer-lhe a vontade e escrever alguma coisa mais bem disposta. Comecei então a pensar nalguns membros do governo para ver qual deles poderia contribuir para recuperar o meu alienado sentido de humor.

Eis senão quando dou por mim a levar um tremendo murro no estômago que me atira de novo para o tapete do pessimismo: o sentimento de horror perante as casas projectadas pelo engenheiro Sócrates na altura em que o engenheiro era mesmo engenheiro na câmara da Covilhã.

Murro fatal. Do tão ansiado riso passei de novo ao desespero, tendo pois a minha colega que esperar por novas oportunidades (esta saiu-me sem querer), até os normais circuitos neurológicos do meu cérebro deixarem de estar diluídos no fel do desgosto perante a ausência de gosto do ex-ministro do ambiente.

O meu primeiro pensamento foi de natureza psicanalítica. E toda a gente sabe que é de coisas tristes que se fala quando se fala de psicanálise.

Quando os pais de Sócrates se divorciaram, tinha ele 5 anos, ficou com o pai, arquitecto, na Covilhã, enquanto os dois irmãos foram com a mãe para Cascais. Ora, 5 anos é a idade do complexo de Édipo, aquela coisa dos rapazes matarem simbolicamente o pai.

Só que havia aqui um problema. Longe da mãe, não teria dado lá grande jeito matar o pai. Ora, é aqui que eu avanço com a minha arrojada teoria. Já que não o pôde fazer na altura própria, as horripilantes casas de Sócrates foram um mecanismo subconsciente de matar o pai arquitecto. Simbolicamente, claro, mas sobretudo de desgosto.

Sei lá, como se a Scarlett Johansonn, para não ficar parecida com mãe, fizesse uma plástica para ficar parecida com a Manuela Moura Guedes.

O próprio autoritarismo e mau feitio de Sócrates podem resultar de uma necessidade subconsciente de subjugar o pai, sobretudo depois deste o ter derrotado e humilhado enquanto número dois da lista do PSD à câmara da Covilhã.

Porém, não querendo eu explorar a vida privada do engenheiro, abandonei por completo tais especulações.

Mas a minha obsessão pelo pitoresco e autárquico sentido estético do ex-ministro do Ambiente não me largou. E foi isso que me fez pensar no sentido do seu sucesso político e social num país como Portugal.

O engenheiro, em popularidade, está bem acima do seu governo e do parlamento. Não deixa de ser estranho, se pensar que já não deve haver quem não se desmanche a rir sempre, e é quase sempre, que fala com aquele ar de quem se sente Moisés guiando o povo pelo deserto.

Só que, neste caso, mais no sentido da anedota judaica: guiando o povo de Israel pelo deserto mas para depois o largar no único sítio do Médio Oriente onde não existe petróleo.

Mas aí é que está. Na very, very Europe’s west coast, os seus projectos na Rapoula, Valhelhas ou Covadoude, são um fortíssimo motivo de orgulho. O gosto de Sócrates é o gosto dos portugueses. Ou, se quiserem: vice-versa.

As casas de Sócrates, numa altura em que ainda não vestia Armani, são um símbolo da portugalidade. Hoje, vestido de Armani, Sócrates, é o filho que todos os portugueses gostariam de ter, num tempo em que já não se sobe na vida a pulso mas à vara.

Apesar de ser mais conhecido por correr, Sócrates é o típico português que, na vida, conseguiu saltar à vara, qualquer coisa que afaga o inconsciente colectivo dos portugueses.

Saltar à vara, antigamente, era apenas uma modalidade desportiva. Hoje, significa subir na vida, subida que pode ir desde o sopé em Mogadouro até ao cume dos dois maiores bancos portugueses, bastando para isso fazer um estágio de alpinista no PS e um curso de Relações Internacionais da universidade Independente.

O engenheiro das casinhas da Guarda, tal como Armando de Mogadouro ou, em tempos, o seminarista de Santa Comba Dão, continua a ser um dos "nossos" em Lisboa. E os portugueses apreciam esses vestígios de provinciano que singrou num meio do qual se sentem arredados, de uma burguesia lisboeta e portuense que frequentou os melhores colégios e que no berço bebeu chá e comeu sopa de letras inglesas, francesas ou alemãs, em vez de sopinhas de leite e farinha Maizena.

Sócrates é insuportavelmente arrogante? Mas os portugueses gostam de políticos arrogantes. É por isso que aguentaram Salazar tanto tempo e deram a segunda maioria a Cavaco. É também por isso que gostaram menos de Caetano e de Guterres.

Tivesse ido o José para Cascais com a mãe e provavelmente não seria o José que conhecemos. Acho que teríamos hoje um arquitecto simpático em vez de um engenheiro arrogante.

Perdoe-me o jargão. Mas é mesmo caso para dizer que Freud explica.

    

josericardoccosta@gmail.com

  


Valhelhas Europe’s West Coast


Fevereiro 15 2008

   

   Já em post anterior escrevi que moro ao lado do casal Gomes e que a minha neta é amiga da Ana Filipa.

   Conheço, portanto, o caso, o comportamento do casal e da criança (que ainda anteontem jantou em minha casa).

   Ontem, na Antena 1, na rubrica "Os dias de avesso", a jornalista Isabel Stollwell e o Prof. Eduardo Sá (Psicólogo) voltaram a falar no caso e disseram algumas coisas interessantes.

   A saber: que a necessidade de acompanhamento psicológico/psiquiátrico da Ana Filipa só existe porque a insensatez de juízes e delegados, ao longo dos útimos anos, criou uma situação eminentemente trágica para a estabilidade psicológica  da criança.

   A "justiça" que esteja quieta e calada, que siga as mais elementares regras de bom senso, que a criança fica bem e não precisa de psicólogos nem de psiquiatras para nada!

   Clicando no símbolo, pode ouvir o programa (atenção pode demorar vários minutos, dependendo da velocidade da sua ligação à Net).

        

                                                                                                LINK PARA MP3

 



Fevereiro 15 2008

   

   Esta manhã ao tomar a bica no bar do meu Hospital, deparei com um pacote de açúcar da Nova delta que numa face tinha escrito:

   18º Aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança, 20 de Novembro de 2007

   "Os direitos das Crianças estão reconhecidos na lei"

   " O desafio é levá-los à vida de cada uma delas"

e na outra face:

   "Todas as crianças têm o Direito a participar nas decisões que são tomadas sobre a sua  vida"

   Parti do principio que esta última frase era uma citação daquela Convenção.

   Lembrei-me, então, do "Caso Esmeralda", assim chamado pela comunicação social; na verdade "O caso casal Gomes e Ana Filipa".

   E pensei como teria sido simples e humano ter seguido esta recomendação e ter ouvido a Ana Filipa sobre quem é que ela quer que sejam os seus pais.

    Muito dinheiro e muito sofrimento se teria poupado!

   Mas os magistrados portugueses, cujo descrédito tem aumentado à medida que estes casos são conhecidos, gostam muito de mostrar a sua autoridade e autismo quando quem está à sua frente não tem o poder dos poderosos.

   Para estes, há sempre, e muito convenientemente, um prazo que expira ou um documento que desaparece...

   Haja bom senso e espirito humano!



Fevereiro 13 2008

                                           

    

A Madalena saíu hoje da maternidade

e foi para casa dos avós

olhando tudo à volta

muito admirada

pois não conhecia a casa.

    

   

Tinha os primos Bernardo e João Maria

e a irmã Sofia

à sua espera

e o espanto crescia.

    

  

O melhor é pôr o garruço

(está muito vento lá fora)

e ir para minha casa

ver se sossego!

    



Fevereiro 10 2008

                                                      

     

A Madalena, 4ª neta,

ao colo da Tita (avó materna)

no 2º dia de vida

 


 

emgestaocorrente às 23:47

Fevereiro 10 2008

     

   Só hoje dei conta deste post do "Edições Pirata"; aqui se publica com a devida vénia.

Sexta-feira, Fevereiro 01, 2008

Faz o que eu digo, não faças o que eu faço

 


"Sócrates assinou durante uma década projectos da autoria de outros técnicos" in Público
Um indivíduo que não acabou o curso a assinar projectos de outros indivíduos que nunca o frequentaram.
Parece confuso, mas se somarem 5+3 verão que dá 11.

Etiquetas: Shame on you


 

     

Fevereiro 10 2008

    

   Música:

      www.clavedesolasol.blogs.sapo.pt

               

   Poesia:

      www.comversosmelevas.blogs.sapo.pt

         

   Artes Plasticas:

      www.obecodasartes.blogs.sapo.pt

       


emgestaocorrente às 14:20

Fevereiro 10 2008

     

   Está-se mesmo a ver que os betinhos bloquistas da manifestação são sócios  do Grémio Lisbonense, não está?

   Um post rapinado ao Blasfémias e a Helena Matos.      

           

         

Os manifestantes quererão ser senhorios do Grémio?
Publicado por helenafmatos em 9 Fevereiro, 2008
ng1039930.jpg
Os senhores da foto (semanário SOL) insurgem-se contra a ordem de despejo determinada contra o Grémio Lisbonense. Para quem não saiba o Grémio Lisbonense ocupa dois andares no centro de Lisboa. Por esse espaço paga 333 euros de renda.Presumo que os senhores da foto estarão dispostos a adquirir as ditas instalações e a deixar manter-se lá pela mesma renda o dito Grémio Lisboense. A Câmara Municipal de Lisboa que declarou a utilidade pública do dito Grémio certamente que também pode contribuir. Ou até comprar o edifício e fazer um novo contrato com o Grémio pelos mesmos 333 euros.  Ou será que se considera que o senhorio do Grémio tem de arcar com os custos da “utilidade pública” mais a paixão que a associação suscita nestes manifestantes?
Neste caso encontram-se reunidos quase todos os ingredientes que levam à degradação dos edifícios do centro de Lisboa: rendas baixíssimas;  uma década em tribunal com recursos para o Constitucional e para o Supremo para se tentar efectuar um despejo ou fazer um novo contrato. Para efectuar o despejo o senhorio não deve alegar que a renda não chega sequer para pagar um seguro do edifício mas tem sim de ter meios económicos para se preparar para uma longa demanda nos tribunais onde terá de provar que  o inquilino vandalizou o edifício. No caso a acusação prende-se com o desaparecimento duns azulejos e a destruição do soalho mas mesmo que o inquilino não tivesse estragado nada com 333 euros de renda o senhorio conseguiria manter o soalho em condições? E restaurar os azulejos? Claro que não. Quem vandalizou o edifício é esta fantástica Lei das Rendas que no caso da Baixa de Lisboa condena à ruína os senhorios, os edifícios e também os inquilinos. Porque aquelas rendas de miséria que pagam levam a que vejam na mediocridade o seguro da  sua sobrevivência.
                

Fevereiro 10 2008

                                  

   O Blasfémias publica, hoje, este texto de Eça de Queiroz escrito em 1880 sobre a invasão do Afeganistão pelas tropas inglesas.

   Onde é que eu já vi esta cena?

      

«Foi assim em…..»

Publicado por Gabriel Silva em 10 Fevereiro, 2008

A propósito da situação no Afeganistão, onde pouco de concreto a intervenção da Nato tem conseguido, o Carlos Novais hoje recordou-me um texto de 1880 pleno de actualidade, pelo então diplomata Eça de Queirós.

«(…) Em 1847, os Ingleses – «por uma razão de estado, uma necessidade de fronteiras científicas, a segurança do império, uma barreira ao domínio russo da Ásia…» e outras coisas vagas que os políticos da Índia rosnam sombriamente retorcendo os bigodes – invadem o Afeganistão, e aí vão aniquilando tribos seculares, desmantelando vilas, assolando searas e vinhas: apossam- se, por fim, da santa cidade de Cabul; sacodem do serralho um velho emir apavorado; colocam lá outro de raça mais submissa, que já trazem preparado nas bagagens, com escravas e tapetes; e logo que os correspondentes dos jornais têm telegrafado a vitória, o exército, acampado à beira dos arroios e nos vergéis de Cabul, desaperta o correame e fuma o cachimbo da paz… Assim é exactamente em 1880.

No nosso tempo, precisamente em 1847, chefes enérgicos, messias indígenas, vão percorrendo o território, e com grandes nomes de pátria, de religião, pregam a guerra santa: as tribos reúnem-se, as famílias feudais correm com os seus troços de cavalaria, príncipes rivais juntam-se no ódio hereditário contra o estrangeiro, o homem vermelho, e em pouco tempo é todo um rebrilhar de fogos de acampamento nos altos das serranias, dominando os desfiladeiros que são o caminho, a entrada da Índia… E quando por ali aparecer, enfim, o grosso do exército inglês, à volta de Cabul, atravancado de artilharia, escoando-se espessamente por entre as gargantas das serras, no leito seco das torrentes, com as suas longas caravanas de camelos, aquela massa bárbara rola-lhe em cima e aniquila-o.

Foi assim em 1847, é assim em 1880. Então os restos debandados do exército refugiam-se em alguma das cidades da fronteira, que ora é Gasnat ora Candaar: os Afegãs, correm, põem o cerco, cerco lento, cerco de vagares orientais: o general sitiado, que nessas guerras asiáticas pode sempre comunicar, telegrafa para o vice-rei da Índia, reclamando com furor «reforços e chá e açúcar!» (Isto é textual; foi o general Roberts que soltou há dias este grito de gulodice britânica; o Inglês, sem chá, bate-se frouxamente.) Então o governo da Índia, gastando milhões de libras como quem gasta água, manda a toda a pressa fardos disformes de chá reparador, brancas colinas de açúcar e dez ou quinze mil homens. De Inglaterra partem esses negros e monstruosos transportes de guerra, arcas de Noé a vapor, levando acampamentos, rebanhos de cavalos, parques de artilharia, toda uma invasão temerosa… Foi assim em 47, assim é em 1880.

Esta hoste desembarca no Indostão, junta-se a outras colunas de tropa hindu e é dirigida dia e noite sobre a fronteira em expressos a quarenta milhas por hora; daí começa uma marcha assoladora, com cinquenta mil camelos de bagagens, telégrafos, máquinas hidráulicas e uma cavalgada eloquente de correspondentes de jornais. Uma manhã avista-se Candaar ou Gasnat – e num momento é aniquilado, disperso no pó da planície, o pobre exército afegã com as suas cimitarras de melodrama e as suas veneráveis colubrinas de modelo das que outrora fizeram fogo em Diu. Gasnat está livre! Candaar está livre! Hurra! Faz-se imediatamente disto uma canção patriótica; e a façanha é por toda a Inglaterra popularizada numa estampa, em que se vê o general libertador e o general sitiado apertando-se a mão com veemência, no primeiro plano, entre cavalos empinados e granadeiros belos como Apoios, que expiram em atitude nobre! Foi assim em 1847; há-de ser assim em 1880.

No entanto, em desfiladeiro e monte, milhares de homens, que ou defendiam a pátria ou morriam pela fronteira científica, lá ficam, pasto de corvos o que não é, no Afeganistão, uma respeitável imagem de retórica: aí, são os corvos que nas cidades fazem a limpeza das ruas, comendo as imundícies, e em campos de batalha purificam o ar, devorando os restos das derrotas.
E de tanto sangue, tanta agonia, tanto luto, que resta por fim? Uma canção patriótica, uma estampa idiota, nas salas de jantar, mais tarde uma linha de prosa numa página de crónica…

Consoladora filosofia das guerras!

No entanto a Inglaterra goza por algum tempo a «grande vitória do Afeganistão» com a certeza de ter de recomeçar daqui a dez anos ou quinze anos; porque nem pode conquistar e anexar um vasto reino, que é grande como a França, nem pode consentir, colados à sua ilharga, uns poucos de milhões de homens fanáticos, batalhadores e hostis. A «política», portanto, é debilitá-los periodicamente, com uma invasão arruinadora. São as fortes necessidades de um grande império. Antes possuir apenas um quintalejo, com uma vaca para o leite e dois pés de alface para as merendas de Verão…(…)»

    


 


Fevereiro 09 2008

              

    

       Ontem à noite, no Hospital de S.to André, nasceu a Madalena,

a minha 4ª neta,

aqui ao colo da irmã Sofia

(avô babado!)

   



Fevereiro 09 2008

Há uns tempos atrás, ainda no reinado de Santana Lopes, se não estou em erro, o Dr. Mário Soares disse que, caso não estivéssemos na União Europeia, já teria ocorrido um golpe militar. O dito não foi levado a sério por ninguém. No entanto, aquelas palavras deveriam ter alertado os espíritos para a crescente degradação da situação política do país. Quem frequenta a blogosfera, por exemplo, percebe que há, entre os blogues mais consultados – blogues que formam a opinião da gente da classe média entre os vinte e os quarenta anos –, muitos que fazem uma clara apologia do fim deste regime. Há uma cultura que cresce e que se instala, cultura essa que roça, muitas vezes, a apologia do autoritarismo político.

Digno de nota foi o artigo, publicado no passado sábado no Expresso, pelo general Garcia Leandro, o militar que dirige o Observatório de Segurança. O título é elucidativo: "A falta de vergonha". A que se refere o general? Ao "modo como se tem desenvolvido a vida das grandes empresas, nomeadamente da banca e dos seguros, envolvendo BCP e Banco de Portugal, incluindo remunerações dos seus administradores e respectivas mordomias, transformou-se num escândalo nacional, criando a repulsa generalizada." Refere também "a promiscuidade entre o poder político e o económico", a "falta de confiança que existe nos responsáveis políticos deste regime (sic)".

Mas o general diz mais. Não resisto a continuar as citações: "Se sinto a revolta crescente daqueles que comigo contactam, eu próprio começo a sentir que a minha capacidade de resistência psicológica a tanta desvergonha, (…), vai enfraquecendo todos os dias (sic)." E logo a seguir o general acrescenta: "Já fui convidado para encabeçar um movimento de indignação contra este estado de coisas e tenho resistido (sic)." E diz mais: "Mas a explosão social está a chegar. Vão ocorrer (sic) movimentos de cidadãos que já não podem aguentar mais o que se passa." E escreve, como uma espécie de paliativo: "É óbvio que não será pela acção militar que tal acontecerá, não só porque não resolveria o problema mas também porque o enquadramento da UE não o aceitaria; não haverá mais cardeais e generais para resolver este tipo de questões."

Parece que o Dr. Soares tinha razão. Tirando o enquadramento da UE, todas as outras condições para um golpe parecem reunidas: corrupção, políticos sem crédito, classes médias desfeitas, empobrecimento da população, insegurança e medo a crescer. A pergunta é então a seguinte: quanto vale a democracia portuguesa sem a Europa? Zero. Foi a isto que o bloco central conduziu o país. Uma crise que leve ao fim da União e a democracia portuguesa não dura dois dias. Como interpretar as palavras do general que dirige o Observatório de Segurança? Um grito de revolta? Não sejamos ingénuos. Foram um aviso. E quem te avisa teu amigo é.

        

   Nas últimas semanas tenho-me limitado a postar poesia pintura e música neste blogue.

   A siuação poliica, social e económica está de tal modo degradada que é penoso pensá-la e escrever sobre ela.

   

   Este post, do Prof. Jorge Carreira Maia, publicado no "Jornal Torrejano" desta semana aponta ao cerne da questão.

   Rapina-se, com a devida vénia.

  


A VER O MUNDO     http://averomundo-jcm.blogspot.com


 

As palavras do general


Fevereiro 09 2008

          

    

Armando Alves, Paisagem,

óleo s tela, 45x50, 2006


emgestaocorrente às 12:08

Fevereiro 09 2008

                                 

                     

Armando Alves, Paisagem,

óleo s/ tela, 40x30, 2004

 


 

emgestaocorrente às 12:02

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