Uma doçura dos melhores tempos do Chico.
Boa noite e boas músicas
"Só mais um dia,
um dia luminoso e barulhento
por mim a dentro,
um dia bastaria,
em prosa que fosse.
Mas dá-me para a melancolia,
para a limpeza, para a harmonia,
impacientam-me as migalhas
de pão na mesa, as falhas
da pintura do tecto,
as vozes das visitas, despropositadas,
sinto-me sujo como um objecto,
desapegado, desarrumado.
Trocaria bem esse dia
por um pouco de arrumação
- no quarto e no coração."
Manuel António Pina, in
"Poesia Reunida", Assirio & Alvim, Lisboa, 2001
Hoje foi um dia muito social.
Apesar do mau tempo e da tempestade,
tive muitas visitas.
Nesta fotogafia apareço ao colo do "mais velho",
o meu bisavô "Pai Marques".
Passei pelo colo do meu primo Bernardo
(o mais velho dos netos da minha geração)
Passei pelo colo da minha mãe (claro!)
Passei pelo colo da minha irmã Sofia,
com a ajuda da avó Tita
Passei pelos colos do meu pai,
dos meus tios Teresa e André
(do meu avô Ventura não porque estava muito constipado)
e fui ter ao colo da minha tia Ofélia
Por fim voltei para o colo da minha mãe,
já cheia de fome e vontade de mamar
e, exausta, adormeci!
Até outro dia, passem bem!
A continuar assim, o PSD arrisca-se a entrar mesmo em estado de estupor.
Esta situação de estupor já é o estado em que muito militantes (mesmo entre os que apoiaram LFM , como eu) vêem o estado actual do PSD.
O país, provavelmente , já se esqueceu do PSD.
Maior tragédia que esta para a politica portuguesa não consigo imaginar.
Leia-se o texto de José Pacheco Pereira no Abrupto.
00:53 JPP )
Etiquetas: PSD
O Jornal Torrejano desta semana publica mais uma excelente e imperdível crónica de José Ricardo Costa que, aqui e com uma grande vénia, se transcreve:
Valhelhas Europe’s West Coast |
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Já em post anterior escrevi que moro ao lado do casal Gomes e que a minha neta é amiga da Ana Filipa.
Conheço, portanto, o caso, o comportamento do casal e da criança (que ainda anteontem jantou em minha casa).
Ontem, na Antena 1, na rubrica "Os dias de avesso", a jornalista Isabel Stollwell e o Prof. Eduardo Sá (Psicólogo) voltaram a falar no caso e disseram algumas coisas interessantes.
A saber: que a necessidade de acompanhamento psicológico/psiquiátrico da Ana Filipa só existe porque a insensatez de juízes e delegados, ao longo dos útimos anos, criou uma situação eminentemente trágica para a estabilidade psicológica da criança.
A "justiça" que esteja quieta e calada, que siga as mais elementares regras de bom senso, que a criança fica bem e não precisa de psicólogos nem de psiquiatras para nada!
Clicando no símbolo, pode ouvir o programa (atenção pode demorar vários minutos, dependendo da velocidade da sua ligação à Net).
Esta manhã ao tomar a bica no bar do meu Hospital, deparei com um pacote de açúcar da Nova delta que numa face tinha escrito:
18º Aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança, 20 de Novembro de 2007
"Os direitos das Crianças estão reconhecidos na lei"
" O desafio é levá-los à vida de cada uma delas"
e na outra face:
"Todas as crianças têm o Direito a participar nas decisões que são tomadas sobre a sua vida"
Parti do principio que esta última frase era uma citação daquela Convenção.
Lembrei-me, então, do "Caso Esmeralda", assim chamado pela comunicação social; na verdade "O caso casal Gomes e Ana Filipa".
E pensei como teria sido simples e humano ter seguido esta recomendação e ter ouvido a Ana Filipa sobre quem é que ela quer que sejam os seus pais.
Muito dinheiro e muito sofrimento se teria poupado!
Mas os magistrados portugueses, cujo descrédito tem aumentado à medida que estes casos são conhecidos, gostam muito de mostrar a sua autoridade e autismo quando quem está à sua frente não tem o poder dos poderosos.
Para estes, há sempre, e muito convenientemente, um prazo que expira ou um documento que desaparece...
Haja bom senso e espirito humano!
A Madalena saíu hoje da maternidade
e foi para casa dos avós
olhando tudo à volta
muito admirada
pois não conhecia a casa.
Tinha os primos Bernardo e João Maria
e a irmã Sofia
à sua espera
e o espanto crescia.
O melhor é pôr o garruço
(está muito vento lá fora)
e ir para minha casa
ver se sossego!
Só hoje dei conta deste post do "Edições Pirata"; aqui se publica com a devida vénia.
Etiquetas: Shame on you
Música:
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Poesia:
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Artes Plasticas:
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Está-se mesmo a ver que os betinhos bloquistas da manifestação são sócios do Grémio Lisbonense, não está?
Um post rapinado ao Blasfémias e a Helena Matos.
O Blasfémias publica, hoje, este texto de Eça de Queiroz escrito em 1880 sobre a invasão do Afeganistão pelas tropas inglesas.
Onde é que eu já vi esta cena?
Publicado por Gabriel Silva em 10 Fevereiro, 2008
A propósito da situação no Afeganistão, onde pouco de concreto a intervenção da Nato tem conseguido, o Carlos Novais hoje recordou-me um texto de 1880 pleno de actualidade, pelo então diplomata Eça de Queirós.
«(…) Em 1847, os Ingleses – «por uma razão de estado, uma necessidade de fronteiras científicas, a segurança do império, uma barreira ao domínio russo da Ásia…» e outras coisas vagas que os políticos da Índia rosnam sombriamente retorcendo os bigodes – invadem o Afeganistão, e aí vão aniquilando tribos seculares, desmantelando vilas, assolando searas e vinhas: apossam- se, por fim, da santa cidade de Cabul; sacodem do serralho um velho emir apavorado; colocam lá outro de raça mais submissa, que já trazem preparado nas bagagens, com escravas e tapetes; e logo que os correspondentes dos jornais têm telegrafado a vitória, o exército, acampado à beira dos arroios e nos vergéis de Cabul, desaperta o correame e fuma o cachimbo da paz… Assim é exactamente em 1880.
No nosso tempo, precisamente em 1847, chefes enérgicos, messias indígenas, vão percorrendo o território, e com grandes nomes de pátria, de religião, pregam a guerra santa: as tribos reúnem-se, as famílias feudais correm com os seus troços de cavalaria, príncipes rivais juntam-se no ódio hereditário contra o estrangeiro, o homem vermelho, e em pouco tempo é todo um rebrilhar de fogos de acampamento nos altos das serranias, dominando os desfiladeiros que são o caminho, a entrada da Índia… E quando por ali aparecer, enfim, o grosso do exército inglês, à volta de Cabul, atravancado de artilharia, escoando-se espessamente por entre as gargantas das serras, no leito seco das torrentes, com as suas longas caravanas de camelos, aquela massa bárbara rola-lhe em cima e aniquila-o.
Foi assim em 1847, é assim em 1880. Então os restos debandados do exército refugiam-se em alguma das cidades da fronteira, que ora é Gasnat ora Candaar: os Afegãs, correm, põem o cerco, cerco lento, cerco de vagares orientais: o general sitiado, que nessas guerras asiáticas pode sempre comunicar, telegrafa para o vice-rei da Índia, reclamando com furor «reforços e chá e açúcar!» (Isto é textual; foi o general Roberts que soltou há dias este grito de gulodice britânica; o Inglês, sem chá, bate-se frouxamente.) Então o governo da Índia, gastando milhões de libras como quem gasta água, manda a toda a pressa fardos disformes de chá reparador, brancas colinas de açúcar e dez ou quinze mil homens. De Inglaterra partem esses negros e monstruosos transportes de guerra, arcas de Noé a vapor, levando acampamentos, rebanhos de cavalos, parques de artilharia, toda uma invasão temerosa… Foi assim em 47, assim é em 1880.
Esta hoste desembarca no Indostão, junta-se a outras colunas de tropa hindu e é dirigida dia e noite sobre a fronteira em expressos a quarenta milhas por hora; daí começa uma marcha assoladora, com cinquenta mil camelos de bagagens, telégrafos, máquinas hidráulicas e uma cavalgada eloquente de correspondentes de jornais. Uma manhã avista-se Candaar ou Gasnat – e num momento é aniquilado, disperso no pó da planície, o pobre exército afegã com as suas cimitarras de melodrama e as suas veneráveis colubrinas de modelo das que outrora fizeram fogo em Diu. Gasnat está livre! Candaar está livre! Hurra! Faz-se imediatamente disto uma canção patriótica; e a façanha é por toda a Inglaterra popularizada numa estampa, em que se vê o general libertador e o general sitiado apertando-se a mão com veemência, no primeiro plano, entre cavalos empinados e granadeiros belos como Apoios, que expiram em atitude nobre! Foi assim em 1847; há-de ser assim em 1880.
No entanto, em desfiladeiro e monte, milhares de homens, que ou defendiam a pátria ou morriam pela fronteira científica, lá ficam, pasto de corvos o que não é, no Afeganistão, uma respeitável imagem de retórica: aí, são os corvos que nas cidades fazem a limpeza das ruas, comendo as imundícies, e em campos de batalha purificam o ar, devorando os restos das derrotas.
E de tanto sangue, tanta agonia, tanto luto, que resta por fim? Uma canção patriótica, uma estampa idiota, nas salas de jantar, mais tarde uma linha de prosa numa página de crónica…
Consoladora filosofia das guerras!
No entanto a Inglaterra goza por algum tempo a «grande vitória do Afeganistão» com a certeza de ter de recomeçar daqui a dez anos ou quinze anos; porque nem pode conquistar e anexar um vasto reino, que é grande como a França, nem pode consentir, colados à sua ilharga, uns poucos de milhões de homens fanáticos, batalhadores e hostis. A «política», portanto, é debilitá-los periodicamente, com uma invasão arruinadora. São as fortes necessidades de um grande império. Antes possuir apenas um quintalejo, com uma vaca para o leite e dois pés de alface para as merendas de Verão…(…)»
Ontem à noite, no Hospital de S.to André, nasceu a Madalena,
a minha 4ª neta,
aqui ao colo da irmã Sofia
(avô babado!)
A VER O MUNDO http://averomundo-jcm.blogspot.com As palavras do general |
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