Em gestão corrente ...como o País...

Julho 13 2008
Rugas - Pedro Barroso

 

 

Se ficasses para sempre

nos olhos que em ti medi

naquele balouçar

de vestal e puta eternamente

serias o sonho prolongado

que não há

Mas os anos amiga

os anos que passaram

fizeram de borracha a tua pele

e o desespero das rugas

enfeitou o teu rosto

num rasgo de ti mesma

E desdobras-te em cascatas de gestos

em busca do que foste

sem saber

e há qualquer coisa de injusto em tudo isso

porque os meus olhos são da mesma idade

E o tempo

esse carrasco lento

fez de nós uma referência

uma memória esconsa do que fomos

E hoje são talvez as tuas filhas

quem desdobrou de ti o alçamento

a graça de garça

e o altar de espanto

Mas tu amiga

aqueles teus seios de mármore

que eu mordi de amante

esses roubaram-mos de inveja

o tempo e a lonjura

Por isso recuso ver-te hoje

sem ser nessa memória

Dizem que é assim

isto de viver

mas há tudo de cru, injusto e triste

nessa amargura

porque a beleza extrema

nunca houvera de morrer

E tudo o que me estrago

a mim não magoa

que eu nunca contei muito

para o belo que me deste

Sempre vou ser isto

mais coisa menos coisa

cada vez mais velho e mais agreste

Mas tu tinhas direito à eternidade

o teu rosto o teu corpo as tuas mãos

moram para mim ainda e sempre

na ideia em que te guardo

e há qualquer coisa de injusto em tudo isto

porque os meus olhos são da mesma idade

    


 

emgestaocorrente às 14:41

Gostei do post.
Boa semana.
Saudações Reikianas.
NAMASTÉ.
Viktor a 14 de Julho de 2008 às 13:44

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